Aviação
Telegramas da Primeira Guerra Mundial: morte de aviador brasileiro
O jornal IMPARCIAL, de Manaus (AM), em sua edição de 1° de fevereiro de 1918 – seção de telegramas da Primeira Guerra Mundial -, relata a morte do aviador Luciano Antônio de Mello Vieira, aos 21 anos, a serviço do exército francês.
Com base na correspondência de Paris, o redator afirmava que ‘o jovem aviador recebera graves ferimentos quando atravessava a primeira linha allemã (sic)’. O Brasil integrava o bloco dos Aliados, ao lado de potências como França, Inglaterra e Estados Unidos.
De acordo com artigo de Paulo Celso Corrêa, cientista político do Arquivo Histórico e Institucional do Museu da República, publicado no site Brasiliana Fotográfica, o Brasil enviou ‘um grupo de aviadores navais para treinamento na Europa e nos EUA e uma divisão naval para o patrulhamento da costa atlântica da África’.
Em Chantilly-Gouvieux, na França, existe um monumento de dois aviadores que morreram em combate do dia 28 de janeiro de 1918: o francês Charles d’Albert de Luynes e o brasileiro Luciano de Mello Vieira. O avião dos combatentes foi abatido pela Alemanha sobre aquela cidade do Norte do país.
Mello Oliveira ‘era tenente tenente da Divisão Salmson da Legião Estrangeira e voluntariou-se para lutar na guerra em 30 de maio de 1917’, revela o historiador Carlos Roberto Carvalho Daróz.
Quem venceu a Primeira Guerra Mundial?
A Primeira Guerra Mundial durou de 1914 a 1918, com participação de países de todos os continentes, sendo considerada o primeiro conflito armado a nível mundial da história. Estima-se que 9 milhões – entre civis e militares – tenham morrido e 20 milhões de feridos.
O Brasil reconheceu Estado de Guerra contra a Alemanha em 1917 após ‘afundamento de diversos navios mercantes em águas internacionais, observa (link) o historiador Carlos Roberto Carvalho Daróz, doutorando do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil.
Pelo menos 5 navios brasileiros (com nomes de Rio Branco, Paraná, Tijuca, Lapa e Macau) foram afundados pela Marinha Imperial Alemã.
A Alemanha – que tinha o exército mais moderno da época – foi a grande derrotada da batalha através da assinatura do Tratado de Versalhes em 1918 – o país europeu teve que fazer concessões econômicas e territoriais para pagar indenização dos danos da Guerra, principalmente à França.
“Retrospectivamente, os 31 anos desde o assassinato do arquiduque austríaco em Sarajevo até a rendição incondicional do Japão devem parecer uma era de devastação comparável à Guerra dos 30 Anos no século 17 na história alemã”, observa o historiador inglês Eric Hobsbawm, fazendo uma ligação entre o fim da Primeira e o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945.
História do telegrama
Embora nem sempre atualizados como a velocidade da internet nos oferece, os telegramas eram os mais eficientes na transmissão de notícias no final do século XIX e ainda nas primeiras décadas seguintes, por isso os jornais dedicavam espaço especial a essas correspondências.
‘Os textos que se propunham como telegramas eram normalmente curtos e consistiam de origem, data e conteúdo, podendo, em alguns casos, serem precedidos de um pequeno título’, mensura Igor Lemos Moreira, graduando em História pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC).
Alguns jornais que hoje em sua edição diária impressa inevitavelmente desatualizada, mesmo sendo entregue ao leitor nas primeiras horas do dia, já chegou a manter edições da manhã, da tarde e da noite para atender a crescente demanda por informação.
De acordo com o estudo de Lemos Moreira nos jornais de Santa Catarina, a maioria de 1,4 mil telegramas publicados na imprensa do Estado durante a Primeira Guerra Mundial tiveram origem no Rio de Janeiro – possivelmente repassados – e dos países envolvidos na batalha, tanto com relatos de mortos e comunicados de consulados e embaixadas.
A primeira transmissão do telégrafo – inventado por pintor Samuel Morse – ocorreu em demonstração pública em 1838, nos Estados Unidos, sendo modernizado nas décadas seguintes dos toques (Código Morse) para a transmissão através de mensagens textuais.